quarta-feira, 4 de junho de 2008

Sobre a mentira

Eu ainda acredito nas pessoas e por isso me decepciono com elas. Não que isso seja ruim, a gente aprende quando se decepciona (ou deveria aprender, hehehe), é só não supervalorizar a decepção.
Mas as pessoas mentem, todo mundo mente, não adianta... O que muda é o teor da mentira, entende? Você pode mentir pra sua mãe que vai dormir na casa de uma amiga e na verdade vai dormir na casa do namorado. Not a big deal! Mas você pode inventar uma vida inteira de mentirinha, inventar um novo você com outra essência, e pode envolver pessoas nessa mentira toda. E quando as pessoas descobrem, é tão inacreditável, tão inaceitável!!! Esse tipo de mentira machuca e faz as pessoas sentirem pena de você. E o pior é que isso é mais comum do que parece. Quem mente parece que esquece que as pessoas têm contatos, têm telefone, têm internet (o google! hahaha), têm aspirações detetivescas... Olha, se for pra mentir, minta muito, mas muuuito bem, que é pra ninguém descobrir!

Ainda sobre a mentira:
Outro dia na faculdade a professora de Direito do Trabalho contou de um funcionário que entrou com uma ação contra a empresa onde trabalhava pedindo R$ 283.000,00 de horas extras alegando que laborava das 0:00 às 24:00 horas, sem intervalo de refeição e sem qualquer folga de 2001 a 2005. E ele insistiu mesmo quando alertado pelo juíz que era pouco plausível o trabalho continuado, sem dormir e sem comer, por mais de quatro anos. Bom, a sentença começa com uma citação de Nietzsche e eu não preciso nem dizer que o juiz acabou com o cara, né? :p
(Depois eu mando a sentença pra quem tiver interesse!)

O trecho que está na sentença:
"Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cômodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: 'Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte'. Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer diretamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência".
Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano'

Um comentário:

Anônimo disse...

"Decepção: é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento da Adriana Falcão.