quarta-feira, 5 de setembro de 2007

"quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha, sim..."

"Vem para que eu possa recuperar sorrisos, pintar teu olho escuro com kol, salpicar tua cara com purpurina dourada, rezar, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. Porque nada mais sou além de chamar você agora, porque tenho medo e estou sozinho, porque não tenho medo e não estou sozinho, porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois" [CFA]

Eu sinto muita, muita falta do teu "jeito tão sem defeito", da sua voz e daquela musiquinha que você cantava pra mim. Eu sinto falta das suas piadas, das suas gargalhadas, das nossas poesias. Eu sinto falta das intermináveis discussões sobre política, ética, moral, justiça e tudo mais até a gente ficar muito puto e você me chamar de parte-da-extrema-direita-elitista-egoísta e eu te lembrar que eu sou tão "poliana" quanto você e te explicar que na verdade os nossos desejos/objetivos são os mesmos, o que muda é o caminho - e, depois de uma pausa, falar, morrendo de rir, que o que você não tinha percebido ainda era que o meu caminho é o mais certo. Eu sinto falta do nosso apelido, dos nossos desenhos, das nossas caretas, das nossas criações malucas, das nossas homenagens. Eu sinto falta de quando a gente bebia uma cerveja e você se fazia de bêbado dançando e cantando funk só porque sabia que eu ia rir um bom tempo sem parar. Eu sinto falta de quando você sumia no fim de semana e daí me ligava pra contar tudo que tinha aprontado e dizer que não estava valendo nem um real. Ou então quando você me ligava pra falar do seu grande e verdadeiro amor que eu tanto admirava. E eu também sinto falta de quando você me ligava todo sério "oi, pode falar?" e eu respondia "posso... tá tudo bem?" e você "tá, sim, mas eu não posso falar agora, te ligo daqui uns quinze minutos", hahaha. Sinto falta de quando você ia me apresentar e as pessoas já sabiam quem eu era porque você já tinha falado muito bem de mim. Eu sinto falta da sua família e de você falando que queria ser meu pai ou meu irmão e que sempre estaria aqui pra me pegar no colo. Eu sinto falta de você cobrando atenção, esperando aceitação e o jeito que você me tratava quando eu fazia manha. Eu sinto falta de ouvir os seus e te contar todos os meus segredos sem limites, sem escrúpulos, sem receios e sem nadinha de vergonha. Eu sinto falta de quando a gente se perdia nos nossos assuntos e tentava disfarçar, mas não dava porque a gente sabia muito bem que a gente se distraía sem querer. Eu sinto falta do seu paulistês exagerado. Eu sinto falta da nossa caixinha colorida onde a gente guardava nossas coisinhas, da nossa flor, sinto falta do nosso mundinho paralelo sem capital e sobretudo de quando a gente não se importava nem um pouco com o que iam pensar... Eu sinto falta de TANTA coisa! E fico aqui pensando como é que você não sente? É impossível, claro que você sente - calado, mas sente. O que será que você fez com tudo isso? Você não pode ter jogado fora porque é tudo muito grande e não cabe "fora", só cabe dentro da gente mesmo.

8 comentários:

Ivan disse...

lindo texto Pam!

Manuela d`Eça Neves disse...

tá...chorei.
porque eu tb sei o que é sentir falta...
texto lindo, narizinho, tu estás ficando cada vez melhor nisso.

beijos doces, querida!
:*

Anônimo disse...

Beibe, faz isso com a tia não... rs
Faz lembrar de tannnnnnta coisa que passou pela vida e que não pode mesmo ter sido jogada fora...
Ai ai, a vida...
Lindo lindo lindo!!!

Besosss ;***

Anônimo disse...

confesso que fiquei com preguiça de ler... aí pensei: ah não, vou ler sim, foi a pam que escreveu...

cara
esse texto é lindo...
triste, mas lindo.

Anônimo disse...

Sabe o que é mais bonito nisso tudo, nessas palavras todas? Você.
É muito bom perceber que aí há dois jeitos de viver a vida: há menina que lembra, sonha, sente saudade... E do outro, há uma mulher crescendo aos pouquinhos, sempre, crescendo em cada letra - e a cada tombo.
Eu fico feliz por demais em "estar junto", todos dias. Eu sorrio por poder fazer parte desses dias em que brota menina e mulher aí dentro - seja com palavra, ou não. :*

"she's a beautiful girl, she's a beautiful girl"...

Anônimo disse...

Posta mais, posta mais, posta mais, que eu quero le-er! :*

camila disse...

ai, que bonito!
quero tanto que o amigo distante leia isso, sabe? porque é a homenagem mais bonita (sem ser piegas) e despretensiosa (é o que me transmite) que eu já li.

e eu te garanto que está tudo guardado. existem coisas que grudam, impregnam dentro da gente. e não saem jamais...

Manuela d`Eça Neves disse...

cadê pampam???