segunda-feira, 24 de setembro de 2007

"que a saudade dói latejada..."

Apesar da semana de coação intelectual, eu tive que parar tudo e vir aqui pra soltar uma coisa que tá me sufocando... Não dá mais, agora eu tô sentido dor física, falta de ar forte demais - que aí já não é mais da bronquite -, então eu tenho que falar logo pra ver se passa e eu consigo cumprir todos os compromissos que estão marcados pro fim do ano. E o fim do ano me lembra tanto você... o fim, e o começo, o carnaval, a páscoa, dia das mães, dia de tudo, e todos os almoços de domingo e as tarde e fins de tarde de domingo, julho, e outubro, outubro, outubro, e o fim do ano, o fim. Poxa, acho que é a primeira vez que a saudade dói grande assim, antes eu sentia só uma saudade boa, quase um orgulho de ter participado da tua vida. Daí que ano passado foi tudo tão dolorido, meio anestesiado, tudo batido, rápido demais: 24 de dezembro - 5 4 3 2 1 - pronto, já é dia 25! Feliz Natal, todo mundo, vamos comer! E ninguém tocou no assunto, e todos os barulhos de tentativas de conversa ou de prato sendo servido eram silenciosamente cruéis - a comida não era a tua, o brinde não foi feito por você, e não foi você quem colocou os pratos na mesa. Olha, pra falar a verdade, eu nem lembro se teve amigo secreto... E mesmo assim foi tudo muito rápido, despreparado, triste, e parecia que era proibido falar alguma coisa sobre os últimos torturantes seis meses. Agora eu te pergunto, minha Dadá, como é que vai chegar outubro? E depois primeirodedezembro e depois, pior ainda, Natal. Natal? Poxa, e com tudo que aconteceu, ninguém mais se fala direito, você era o elo, entende? E a gente tentou manter o elo, você viu, você pediu e a gente tentou, mas não deu. Então agora não existe mais nada... Eu tenho medo, sabe? Eu não conheço outro Natal, não sei como vai ser, queria poder escolher e pular do dia 23/12 pro dia 01/01. Eu penso também nas tuas flores, na tua Santos tão amada, nas coisas da Dadá lá do quarto do fundo, é quase inacreditável ainda, inaceitável. Com quem eu reclamo, por favor? Cadê você pra botar ordem nas coisas? Por aí não tem o princípio do duplo grau de jurisdição?... ai, chega... Voltarei aos livros!

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

"quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, venha, sim..."

"Vem para que eu possa recuperar sorrisos, pintar teu olho escuro com kol, salpicar tua cara com purpurina dourada, rezar, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. Porque nada mais sou além de chamar você agora, porque tenho medo e estou sozinho, porque não tenho medo e não estou sozinho, porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois" [CFA]

Eu sinto muita, muita falta do teu "jeito tão sem defeito", da sua voz e daquela musiquinha que você cantava pra mim. Eu sinto falta das suas piadas, das suas gargalhadas, das nossas poesias. Eu sinto falta das intermináveis discussões sobre política, ética, moral, justiça e tudo mais até a gente ficar muito puto e você me chamar de parte-da-extrema-direita-elitista-egoísta e eu te lembrar que eu sou tão "poliana" quanto você e te explicar que na verdade os nossos desejos/objetivos são os mesmos, o que muda é o caminho - e, depois de uma pausa, falar, morrendo de rir, que o que você não tinha percebido ainda era que o meu caminho é o mais certo. Eu sinto falta do nosso apelido, dos nossos desenhos, das nossas caretas, das nossas criações malucas, das nossas homenagens. Eu sinto falta de quando a gente bebia uma cerveja e você se fazia de bêbado dançando e cantando funk só porque sabia que eu ia rir um bom tempo sem parar. Eu sinto falta de quando você sumia no fim de semana e daí me ligava pra contar tudo que tinha aprontado e dizer que não estava valendo nem um real. Ou então quando você me ligava pra falar do seu grande e verdadeiro amor que eu tanto admirava. E eu também sinto falta de quando você me ligava todo sério "oi, pode falar?" e eu respondia "posso... tá tudo bem?" e você "tá, sim, mas eu não posso falar agora, te ligo daqui uns quinze minutos", hahaha. Sinto falta de quando você ia me apresentar e as pessoas já sabiam quem eu era porque você já tinha falado muito bem de mim. Eu sinto falta da sua família e de você falando que queria ser meu pai ou meu irmão e que sempre estaria aqui pra me pegar no colo. Eu sinto falta de você cobrando atenção, esperando aceitação e o jeito que você me tratava quando eu fazia manha. Eu sinto falta de ouvir os seus e te contar todos os meus segredos sem limites, sem escrúpulos, sem receios e sem nadinha de vergonha. Eu sinto falta de quando a gente se perdia nos nossos assuntos e tentava disfarçar, mas não dava porque a gente sabia muito bem que a gente se distraía sem querer. Eu sinto falta do seu paulistês exagerado. Eu sinto falta da nossa caixinha colorida onde a gente guardava nossas coisinhas, da nossa flor, sinto falta do nosso mundinho paralelo sem capital e sobretudo de quando a gente não se importava nem um pouco com o que iam pensar... Eu sinto falta de TANTA coisa! E fico aqui pensando como é que você não sente? É impossível, claro que você sente - calado, mas sente. O que será que você fez com tudo isso? Você não pode ter jogado fora porque é tudo muito grande e não cabe "fora", só cabe dentro da gente mesmo.